Parar para escrever esse depoimento é como uma viagem ao tempo, um tempo que nem é tão distante assim, mas que devido as grandes transformações sem sombras de duvidas poderia ser representado como AB/DB (Antes de Betta e Depois de Betta).
Me chamo Maria Clara Daros de Melo, tenho 26 anos e sou modelo e fotografa. Desde que me conheço por gente sempre tive o sonho de ser modelo e mesmo conhecendo um pouco da “vida real” do que é de fato ser modelo (a vida por trás dos 5s de glamour) ousei perseguir esse sonho. Aos 18 saia de casa e com a benção da minha família a aventura começava. Durante meu caminho eu senti a necessidade extrema de mudar e embora soubesse que não seria uma mudança fácil os riscos pareciam muito menores do que o sentimento de continuar existindo debaixo daquela pele. Foram muitas mudanças e em todas as áreas da minha vida. Nascia a Maria Clara e junto com ela os desafios de ser uma pessoa Trans (ah como adoraria ter conhecido a Betta naquele tempo, mas tudo bem, tudo é!). Segui como um ser humano, sempre enxerguei todos assim, não conseguia compreender relações humanas desumanas e talvez isso tenha me ajudado (e ajuda) a nunca desacreditar que eu realizaria meus sonhos.
Deu certo. Quando dei por mim ja estava longe, muito longe, a um oceano de distancia. Aos 26 anos estava morando na França e depois de muitos altos e baixos, no meio da pandemia, longe da minha família, amigos e de mim mesma o meu sistema travou. Uma barragem de emoções que se rompia encontrou um ser (Ana Paula, minha Booker e com certeza um anjo) que sentiu toda a pressão que estava ali prestes a estourar e em um rápido movimento me falou “você precisa conhecer a Betta”. Foi como se do fundo de um poço, pela primeira vez em muito tempo, eu conseguisse ver uma luz. No nosso primeiro contato confesso que o medo era grande, a muito tempo não me envolvia ou tinha contato com meu lado espiritual e muito menos conhecimento de terapias quânticas e holisticas. Não sabia que existia uma espaço sem julgamento e de cura, me deixei guiar pelo que senti e senti muito. No final da nossa primeira sessão foi como uma inspiração profunda de quem a muito não conseguia respirar. Fui apresentada ao campo e ao salto quântico. Foi como um presente. Me surpreendia muito um espaço energético/espiritual em que eu pudesse existir enquanto ser humano, independente das minhas particularidades. A Betta e os campos trouxeram um olhar tão precioso para a minha vida. O entendimento de que tudo começa e termina em mim tirou meu chão (confesso), mas foi primordial pra tudo que viria a seguir. Como se tivesse tirado um capacete que limitava minha visão e todos os outros sentidos fui tomada por um forte instinto, era hora de voltar para casa. As bagagens mais doloridas ja estavam curadas ou sarando e não estava voltando sozinha, a Claire (rebatizada por Betta) trouxe uma bagagem muito mais leve e consciente e mesmo sem saber como seria essa volta eu simplesmente confiei.
Como na parábola do filho pródigo, eu retornei. O amor e a máxima de não julgar mudaram completamente minhas relações e a maneira com que eu vejo o mundo. A vida começa a mudar quando a mudança vem de dentro e assim como me abri para o que aprendi com a Betta e os queridos companheiros de campo me abro hoje para o que vem pela frente. Muito mudou, é algo despertado que dificilmente volta a dormir. Essa caminhada de autoconhecimento me ajudou a explorar novas possibilidades profissionais usando meus talentos e pensando sempre na minha contribuição, depois de tanto tempo na frente das câmeras agora passei para o outro lado fotografando. Curar relações que ja passaram e deixar o coração leve, sem culpa e sem culpados, também são ações que transformaram o meu ser. É uma caminhada, ainda tem muita coisa por vir.
A Betta, agradeço imensamente por ser esse farol que me guia tantas vezes, nas tempestades mais intensas (em alto mar ou num copo d’agua), que celebra nossas vitorias e os momentos de alegria com uma energia impar e que compartilha tanto conhecimento e amor de uma maneira tão sublime.
Claire.