400 DIAS TRILHANDO UM CAMINHO DIFERENTE
No dia 15 de março de 2020 parei de trabalhar após 51 anos de vida profissional. Não quero admitir que essa data signifique o início de uma aposentadoria, nem me passa pela cabeça algo semelhante. Simplesmente fui obrigado a ficar em casa por causa da pandemia.
Alguns fatos que aconteceram logo após esse dia, não gostaria de relembra-los. Desavenças com um dos meus sócios acabaram por despertar emoções pouco louváveis dentro de mim. Todas já resolvidas, felizmente. Tudo isso resultou com a mudança da fábrica que eu havia montado e dirigia para outra cidade e a sociedade foi desfeita.
Enfim só, sem ter o quê fazer. Pouco tempo antes havia desfeito um relacionamento amoroso de mais de 20 anos e me encontrava, realmente, absolutamente só.
Num primeiro momento resolvi me entreter com a marcenaria, meu hobby predileto. Construí inúmeras mesas, armários e até uma estufa para desidratar alimentos. Precisava desesperadamente ver algo concreto, feito por mim, para demonstrar minha competência para gerar algo concreto.
Minha afilhada e uma filha adotiva, sem que tivessem combinado, me cobraram o término de um livro que já havia iniciado há 15 anos. Missão cumprida, o livro foi finalizado e impresso.
Mas precisava, ainda, buscar algo para fazer. Levantava diariamente sem qualquer estímulo.
No final do ano, após longo período de isolamento, recebi a visita das minhas netas e da minha filha e genro que moram nos EUA. Passamos alguns dias na praia. Eu saia para caminhar logo cedo, voltava, tomávamos café da manhã juntos, eles iam para praia e eu ficava em casa. Detesto praia, tomar sol e ficar na areia. Mas estava feliz com a companhia da minha família norte americana. Mas, na realidade, a maior parte do dia eu passava só, comigo mesmo.
Ao retornar da praia, durante uma viagem de mais de seis horas, decidi que iria passar o Natal e o Ano Novo sozinho ou, melhor dizendo, comigo mesmo. Senti um alívio imenso ao tomar essa decisão. Essas datas sempre me deprimem por motivos que não cabem aqui relatar.
Essas duas ocasiões foram ótimas, suaves, me fizeram sentir leve, muito bem na verdade. No dia de Natal, após ter feito um prato especial, ao ouvir uma música dos Beatles – In My Life – resolvi escrever um segundo livro. Em poucas semanas o livro estava escrito. Pretendo tê-lo impresso até a metade de 2021.
Com os dois livros escritos, me ocorreu que minha vida tinha sido transportada para as páginas desses livros e que não me pertenciam mais. Me senti liberto e ao mesmo tempo vazio, mas não no sentido depressivo. Era como se tivesse tirado o back-up do meu HD, que agora estava vazio.
Um problema com meu filho mais velho me fez buscar auxílio na Constelação Familiar. A namorada do meu filho menor me indicou a Betta.
No nosso primeiro contato ela detectou algo que realmente passava pela minha cabeça. Desde o término do segundo livro tinha a sensação que a minha missão estava cumprida, e que já merecia o descanso eterno. A morte nunca me incomodou e tenho certeza estar preparado para quando esse momento chegar.
Não sei em que momento ou quando, mas com certeza logo depois de um dos quatro campos que participei como cliente, numa conversa com aquele que deve ser quem está escrevendo o prefácio do segundo livro, me surgiu a ideia que a minha vida era dividida como as estações do ano. Foi assim que dei o retoque final nesse segundo livro, separando os capítulos segundo cada estação. Nesse momento percebi que ainda restava uma, o Inverno, que embora fosse a última somente estava iniciando. Me senti renovado.
Passei, a convite da Betta, participar dos Campos aos sábados. Entendi que era uma forma de exercitar dons que poderiam ser úteis para outras pessoas. O convívio com a Betta, com jovens inteligentes e, em especial, muitas mulheres bonitas, me permitiram ter um pouco do convívio social que faltava no meu dia-dia. Isso me fez muito bem, além de me sentir útil.
O estímulo foi muito importante e reverberou num outro campo. Tenho orgulho de, apesar de estar formado há décadas, me manter atualizado na minha especialidade, as telecomunicações. Passei a estudar com avidez a nova tecnologia “5G” que será realidade no Brasil nos próximos anos. Acompanhar novas tecnologias foi sempre algo que me fez sentir sempre jovem, apesar do passar dos anos. Isso também acabou por me rejuvenescer.
Mas ainda ficou algo no meu subconsciente que eu não consegui explicar direito. Aos poucos, vinha se formando na minha cabeça a ideia que esse período de reclusão, de solitude, tinha um propósito. Interessante que somente em raras ocasiões me senti solitário. Moro num lugar e numa casa privilegiada. Cada nascer e por do Sol é um espetáculo que me emociona. Tenho companhia das montanhas de Minas Gerais, de um ipê maravilhoso, muito sábio, que me dá bom dia e me abraça com seus galhos enrugados.
Nascia, aos poucos, dentro de mim, a ideia que esse período seria um período de peregrinação, como muitos já haviam realizado. Como Cristo que vagou pelo deserto por 40 dias, me veio a ideia que o meu período seria de 400 dias.
Durante a meditação de ontem, 20/03/2021, me ocorreu calcular em que dia se encerraria esse período de 400 dias. Fiquei com essa ideia na cabeça o dia todos. Pouco antes de dormir, liguei o computador e busquei um programa de cálculo de períodos entre datas. O início foi 15/03/2020, qual seria o término? A resposta veio em seguida, 19/04/2021. De início não atinei com o fato, mas não durou muito para perceber, é o dia de Santo Expedito.
Coincidência? Pode até ser, mas essa não foi a única vez que isso acontecia. Quando comecei a escrever o primeiro capítulo do meu primeiro livro, num momento de enorme angustia, foi num Domingo de Ramos. Nesse dia tomei a decisão de escrever a minha história de vida para aliviar a minha Alma. Por muitas noites, antes de dormir, escrevia um trecho. Ao colocar o ponto final, após muitos dias em que escrevi de forma compulsiva, percebi que essa tarefa estava finda exatamente no dia 19/04/2001, dia de Santo Expedito. Exatamente há 20 anos atrás. Acontece que a ideia de escrever para alívio da Alma se deu exatamente ao me deparar com a imagem de um Santo Expedito em um quadro pintado pelo artista plástico Domingos Tótora, em tamanho real, numa pequena capela em Maria da Fé, cidade do Sul de Minas. Essa história, escrevo em detalhes no livro que publiquei.
Muitos falam em sincronicidade, coincidência, etc., mas para mim tudo isso tem um único significado, estou no caminho certo, é o caminho que devo trilhar. Não sei o quê irá acontecer nesse 19/04/2021, provavelmente nada, mas para mim não importa, os 400 dias estão me permitindo trilhar um caminho diferente, que jamais teria tido oportunidade de trilhar se estivesse cercado de pessoas à minha volta, trabalhando como sempre trabalhei na vida.
Espero que essa história possa ter algum significado para mais alguém e que permita perceber o quanto é emocionante VIVER e perceber que não estamos aqui por mero acaso.
Um Mundo Síncrono
Meus Queridos,
Ontem foi um dia muito especial para mim. Há muito tempo não tinha a oportunidade de compartilhar minha casa com tantas pessoas, casa que não foi concebida para ser habitada só por mim.
Hoje cedo tive que fazer uma rápida viagem que me levou a percorrer caminhos pelas maravilhosas montanhas mineiras. Durante o percurso me veio à mente esse título, estranho, mas eu explico.
Vivemos comandados por um ritmo, queiramos ou não, o ritmo do tempo, comandado pelo relógio, que como um enorme pêndulo, vai para a direita, depois para a esquerda sem nunca parar, sem nunca se cansar. O sincronismo e a sincronicidade, que já foi tão estudado por Jung, está presente nas nossas vidas e nem tomamos conhecimento desse fato. Noite e dia, inverno e verão, Lua e Sol, tudo é comandado por ciclos. Não percebemos, mas toda a nossa comunicação é feita por ondas, sonoras, de radiofrequência, até mesmo luminosas. Nada melhor que uma onda para caracterizar o sincronismo em que vivemos. Uma onda é algo de extraordinário pois nos permite modula-la, altera-la de forma a transforma-la em música, em poesia, que fazem bem às nossas almas, mas até mesmo em palavras que ofendem, mas isso está muito longe do nosso tema.
Muitos pensam que tudo acontece por acaso, nada disso, acaso não existe. Ia pensando ao longo do caminho como foi que conheci essas pessoas a que tanto quero bem, que tanto alegram os meus sábados e que tanto me alegraram com suas visitas. Foi por acaso, obviamente que não. Tomei conhecimento da Constelação Familiar pela boca de uma amiga há mais de 40 anos. Não dei muita importância. Passava por uma fase difícil e estava refratário a novas ideias. Não muito tempo depois conheci uma menina linda, a quem quero muito bem, alguém que quase entrou para minha família. Não entrou, mas faz parte da minha história e mora no meu coração. Foi assim que conheci Betta Vidmar.
Fizemos alguns Campos, depois me convidou para fazer parte da sua Constelação e acabei por me envolver com algo que até há pouco tempo desconhecia. Li muito sobre o tema, me identifiquei com os conceitos e aprendi a respeitar a Betta. Tenho que dizer que geralmente concordo com ela, mas algumas poucas vezes não. Quando concordo logo esqueço, quando não, fico ruminando o tema durante muito tempo, o que me faz muito bem.
Através da Betta conheci pessoas diferentes, encontrei uma diversidade maravilhosa que tornou meu Universo muito mais amplo e muito mais rico. Para alguém que sempre trabalhou em fábricas no meio de máquinas e que desperdiçou uma única oportunidade de aprender com pessoas que pensam diferente do que um simples engenheiro, quando profissionalmente conviveu com jornalistas e pessoas ligadas à televisão, mas não criou vínculos com seus colegas por não estar preparado para novos horizontes, ter uma segunda chance, uma nova oportunidade, é algo de extraordinário. Passei por momentos difíceis, mas muita coisa mudou de lá para cá, felizmente.
Aprendi a dar muito valor às pessoas diferentes de sou ou fui. Essa mutação tem representado muito para alguém que não tinha mais expectativa de novidades em sua existência.
Aprendi a respeitar cada vez mais o seu humano, encontrar na diversidade algo de extraordinário, perceber o quanto é bom não julgar para não ser julgado, perdoar incondicionalmente, pois nenhum de nós é perfeito. Que experiência rica poder canalizar e sentir a dor do sofrimento de alguém. Como é bom dar a mão a alguém que sofre, ajudar a encontrar o caminho da Luz, da Paz, do Amor, da Compaixão, da Tolerância, da Compreensão e da Harmonia. Como isso faz bem à nossa Alma à nossa Existência. Todos somos privilegiados pela oportunidade.
Mas ontem a meditação falava da Prosperidade e eu, erroneamente, associava à prosperidade financeira. Pensava comigo, não quero ser rico, sempre tive a intuição que dinheiro em excesso poderia me tirar do caminho que eu havia decidido trilhar. Passei por muitas dificuldades financeiras, mas sempre consegui supera-las. Somente hoje é que percebi o quanto prosperei e estou prosperando de outra forma, em outra direção. Ontem fui inundado de carinho. Pude abraçar amigos, pessoas que sei que me querem bem e a quem também quero bem, prosperei muito. Obrigado Betta! Eterna gratidão.
Como foi lindo olhar no fundo dos olhos dos amigos. Penetrar e permitir que penetrem em nossas almas, mutuamente contemplar nossas ancestralidades, que tanto temos aprendido a valorizar.
Me emociono ao escrever essas linhas e espero que o mesmo aconteça com vocês que me leem. Aprendi que emoções precisam ser expressas, pois é importante dizer às pessoas que amamos o quanto elas são importantes para nós. Aprendi a não ter vergonha de expressar sentimentos, muitos dos que me conheceram acham isso, no mínimo esquisito.
Mas não se enganem, tudo isso não brotou de dentro de mim, brotou de dentro de nós todos, durante os momentos em que estivemos juntos. Mas é importante percebam, sou apenas o canal que expressa aquilo que sentimos ao participar dessa Constelação maravilhosa. Tudo isso é o resultado de uma sinergia, o resultado de uma energia síncrona, pois estamos todos sintonizados num mesmo comprimento de onda, todos “em fase” como diria o meu lado de engenheiro. Nesses momentos perdemos a nossa individualidade e ganhamos uma nova identidade, a de um grupo que teve a felicidade de encontrar alguém que nos uniu.
Se gostaram do que leram não elogiem, por favor, se não perde a graça. Isso tudo está sendo trazido apenas por um mensageiro. A mensagem foi escrita ontem, pelo grupo. O mensageiro foi apenas o secretário, que redigiu a ata.
Obrigado Betta. Muita gratidão.