A natureza feita de mistérios
A existência, feita e desfeita a cada dia
O retorno à terra.
(você pode pousar, aquilo já passou)
Poder caminhar sobre esse chão com leveza,
caindo e levantando.
Muitos relevos diferentes
reentrâncias, longas subidas,
largas baixadas…
Poder perceber que tudo é mais simples.
Até o nó mais antigo
pode ser desatado com um sopro de amor.
Com um sacolejo,
um sorriso bem dentro dos olhos azuis
O que é a cura?
Fluir das águas,
essa carícia do sol de abril
que também queima.
(esse silêncio inaudível)
Recolher os pedaços
dispersos e perceber
que formam um lindo mosaico
que sempre esteve ali,
sem que ninguém visse
A rachadura é o caminho dela mesma
Bem dentro, funda e suave
E mesmo quando o corpo dói
Mesmo quando a alma se perde
E o útero chora
O coração continua batendo
Sua cantiga de amor
A morte e a vida, de mãos dadas
Olhos nos olhos
Caminhando por uma trilha invisível
Essa dor,
É só a vida nascendo a cada milésimo de segundo
A vida como ela é
(não como ela foi, ou será)
Um sorriso molhado de lágrimas
E de gratidão
Que se renova a cada estação
Fernanda Windholz
35
@fe_ventomadeira